terça-feira, 29 de junho de 2010

Terça Paris no MASP


jogo do Brasil.

Foi assistir na casa do amigo, com amigos.

Vitória. Brasil vence o Chile e tudo parece estar mais calmo e resolvido, pelo menos, parece.

Emendou uma reunião de uma certa viagem a trabalho na qual o amigo, dono da casa, também iria.

Conversa vai, conversa vai, fumaça vem, comida vai, vento aparece, noite esfria e, de repente, se lembra que veio de bicicleta em companhia do primo do litoral.

Um olha para o outro e o convite de pousar por lá mesmo é feito, e, aceito.

Mesmo sem ter nunca dormido na tal casa, é como se não fosse a primeira vez.

Modos, manhas, cortesia, cachorro e espaço já eram velhos conhecidos.

Não foi difícil se adormentar em um quarto sem teto, só telha, já que está habituado às tantas barracas que já enfrentou.

De manhã, café e o famoso Buon Giorno.

Tudo começa a ficar mais uma vez confortável ao ponto de se esquecer de ir embora.

Isso aumenta com a chegada das meninas que trabalham por lá.

Conversa vem, conversa vai e entre sucrilhos e kit-kats decidem partir. Ele e o primo.

Na volta, não sabia o que pensar, tinha tanta coisa pra se preocupar. Viagem a trabalho, internacional, profissional, a casa, as roupas, as contas....

Nada disso o preocupava. Por que?

Acompanhou o primo e experimentou um novo caminho de volta, naqueles doze kilômetros que o separavam de casa.

Caminhos diferentes. Se despedem. Até agora tinha lgu´m para seguir. Algo para fazer. Atitude a tomar. De repente, nada. Ele e a Av. Paulista. Só.

Esquerda! Decide. E no meio do caminho, não voluntário, para a casa ouve uma senhora com papéis na mão gritando algo que não pôde reconhecer.

Decidiu parar e voltar.

- Poesia de graça! LEve pra casa!

Era isso que a Vovó da Paulista anunciava.

Quando percebeu, estava sob o MASP, em pleno vão. E nem tudo seria em vão. Mal sabia ele o que o esperava.

Agarrou um convite, pois de terça o Museu é grátis, assim como as poesias, aquelas duas que a Vovó entregou em mãos com um sorriso do tamanho da 9 de Julho.

Os dobrou, prendeu a bike no ar e foi entrando. Logo o segurança lhe chamou a atenção dizendo que nada pode ficar onde estava a bike e pede para colocá-la na grade.

Não gostando muito, volta e a muda de lugar.

Volta para o segurança e, finalmente, passa.

O elevador chega e quase que ao mesmo tempo que a porta se abriu, percebe a presença de uma garota. Linda. Percebe-se que ele gostou. E ela.

Tinha a dúvida se era ou não brasileira e ao primeiro momento, em que o acensorista pede para levar a mochila na frente e não nas costas, repara que ela não havia compreendido. Sutilmente, lhe pergunta se era do Brasil e ela nega dizendo que era du France.

França.... ele pensa.... e dispara palavras não aquecidas, sem conjugação e nem mesmo o acento apropriado. Se desculpa e ela sorri dizendo que é difícil de encontrar alguém que fale a sua língua por ali. Ele explica que precisaria de 10 minutos respirando em Francês para fluir e assim....

A porta abre.

Ela pra direita. Ele sorrindo e pensando em segui-la, não perdê-la de vista e querendo muito praticar seu Francês, decide não ir atrás. Isso mesmo.

A comprimenta no melhor estilo au revoir e segue pra esquerda.

Sabendo

que mais a frente

a encontraria.

Delacroix, Picasso, Lautrec, Monet, Manet e outros mais o acompaharam e dividiram seus pensamentos. Noventa por cento deles, franceses.

Na reta final, Ela.

Decidem se juntar e curtir o restante juntos, as gravuras e colagens de MArk Ernst.

Saem.

Avenida Paulista.

Depois de muitas e muitas palavras bem trocadas, aqora já aquecidas, descobre que ela precisa trocar Travel Cheques e que ambos tinham muita fome.

A acompanhando, e adorando, se coloca num patamar de guia e sai em busca das agências. A primeira não funciona, a segunda também não, a terceira, depois de bastaante tempo faz a troca. De apenas um dos três cheques.

Ele respira e manda um convite.

Comer no seu lugar preferido. Barato, buffet e perto de casa, da sua casa.

Ela aceita e lá se vão em cima da bicicleta, um brasileiro e uma francesa descendo da Paulista até a Sta Cecília, morrendo de fome.

Chegam 10 minutos antes de fechar e comem bem.

Como estava do lado de casa, faz o convite, e ela aceita.

Após a pausa para o café em outro lugar conhecido e do susto de um amigo que havia tido a bicicleta roubada e pediu a dele para sair atrás do ladrão, resolve ir pra casa.

Na porta ela diz: - Conseguiu me trazer pra casa, no primeiro encontro....

Os dois, se fazendo de bobos, riem.

Internet, água, cigarrinho, conversa e contos.

Brincam com os fantoches, criam histórias e vivem os personagens.

Ele tenta uma indireta onde o Sapo que comandava com suas mãos pede um beijo para virar príncipe. Ela o dá, mas não surge efeito. Então o Sapo diz que na verdade, seu dono, ele, é que precisava de um beijo. Ela diz que ele já era um príncipe, o sapo responde que o que ele queria, era virar sapo, por isso, o beijo.

Ela avermelha. Ele treme. O Sapo treme.

Ela diz que não se deve confundir o personagem com o real e pede para ir ao banheiro.

Neste meio tempo.

Cortinas fechadas, luzes especiais acesas, música boa e francesa.

Ela volta, ele a convida pra dançar.

Padam Padam Padam, canta Piaff, dançam os dois.

No começo, longe um do outro, passo-a-passo, se aproximam. Se aproximam, se aproximam, se abraçam.

Assim ficam. Assim se cheiram, assim se querem, assim se comem.

Respiram. Se cheiram, Se banham e sorriem. Muito.

A horas atrás não se conheciam. a minutos atrás, eram um só.

A acompanha até o metrô. Ela tinha dez minutos para retirar as malas do Hotel.

Sim, ela estava de partida. Foi girar o Brasil e parece que volta.

Será que se encontrarão?

E se sim?

E se não?

O que restou foi a lembrança da boa companhia, os sorrisos, o cheiro a vontade do desconhecido e a dúvida de se reencontrar.

Tudo isso, em Francês.